Retrato dos escritores

Durante a mesa com escritores lusófonos decidimos realizar retratos de cada um dos participantes presentes. Estes retratos servem de recordação e ao mesmo tempo acompanham uma pequena nota biográfica de cada um dos poetas e escritores, para aqueles curiosos de conhecerem mais a fundo cada um dos participantes.

Olinda Beja

Olinda Beja (S. Tomé e Príncipe)

Olinda Beja (S. Tomé e Príncipe, 1946) – escritora e poetisa, nascida em Guadalupe, ao norte da ilha de São Tomé. Cedo deixou a sua ilha para viver nas terras da Beira Alta. Licenciou-se em Línguas e Literatura Modernas pela Universidade do Porto e hoje é professora de Língua e Cultura Portuguesa em Lausanne (Suíça). Dentre sua obra publicada, destacam-se Bô Tendê? (poemas), 15 dias de regresso (romance) e Pé-de-perfume (contos).

Filimone Meigos

Filimone Meigos (Moçambique)

Filimone Meigos (Moçambique, 1960) – poeta e professor de Sociologia da Arte no Instituto Superior de Artes e Culturas (ISArC). Nascido na Beira, estudou num liceu que tinha como professores Lídia Jorge e Zeca Afonso, em suas épocas de exílio. Leitor inveterado, aprendeu o gosto da leitura dentro do seio familiar, como costuma ressaltar. É editor cultural do semanário Savana, membro do AEMO (Associação dos Espoliados de Moçambique). Tem como principais obras Mozambique Meu Corpus Quantum, Kalach in Love e Globatinol, todos de poesia.

Miguel Miranda

Miguel Miranda (Portugal)

Miguel Miranda (Porto, 1956) – escritor e médico de formação. Com uma obra já bastante vasta, integra a Associação Portuguesa de Escritores,  Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto e o Pen Clube Português. Lançou-se na literatura na década de 90 com o livro Contos à Moda do Porto (1996) que lhe garantiu o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco. Com muitos romances com influência do género policial destacam-se O Estranho Caso do Cadáver Sorridente e A Maldição do Louva-a-Deus. Tem textos seus traduzidos para o italiano.

José Manuel Mendes

José Manuel Mendes (Portugal)

José Manuel Mendes (Luanda, 1948) – Escritor e poeta português. Intelectual de renome com mais de 30 obras publicadas. Autor desde muito jovem, com a publicação de Salgema, aos 15 anos. Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, foi professor do ensino secundário e eleito deputado à Assembleia da República, cargo que exerceu durante 11 anos. Atual presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE), é, também, professor no curso de Ciências da Comunicação na Universidade do Minho. Entre os seus principais trabalhos encontram-se Presságios do Sul e Setembro Outra Vez (poesia), Ombro, Arma! e Despir da Névoa (Romance).

Luís Costa

Luís Costa (Timor-Leste)

Luís Costa (Timor-Leste, 1945) – linguista timorense e grande cultor da história, cultura e da língua Tétum. Irmão do ilustre poeta timorense Borja da Costa, estudou no Seminário de Leiria, onde ordenou-se sacerdote em 1973. Regressou a Timor para cooperar na missão de Ossú. Durante a invasão de Timor pela Indonésia, esteve de 1976 a 79 nas montanhas com a população. Luís Costa traduziu para o português os poemas do irmão (Borja da Costa – Selecção de Poemas / Klibur Dadolin), além de ser o criador do Dicionário de Tétum-Português.

Francisco Conrado

Sessão de escritores lusófonos

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No fim do segundo dia de conferência, a mesa de escritores, que contou com as presenças de Olinda Beja (São Tomé), Filimone Meigos (Moçambique), Miguel Miranda (Portugal) e Luís Costa (Timor-Leste), presenteou o público com poemas, canções e intervenções inflamadas sobre a história dos seus países.

A noite de poesia começou com a apresentação de cada um dos participantes da mesa pelo escritor e presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE), José Manuel Mendes, que leu excertos de cada um dos autores. Seguiu-se a intervenção de Luís Costa sobre a história da valorização de uma língua e de uma cultura ignorada no espaço lusófono, o tétum. No entanto, também a língua portuguesa é, segundo o autor, tratada com descuido. “Os alunos têm muita dificuldade em escrever e expressar-se em Português”, disse Luís Costa.

Animado e descontraído, Filimone Meigos, escritor moçambicano, promoveu a interação com o público, tocando guitarra e cantando. “Esta é a minha identificação”, referiu o autor. Também Olinda Beja, que disse ser natural das “ilhas mais bonitas do Mundo”, teve um momento de canto e de declamação poética. “Não sei falar de mim e da minha terra sem ser através da poesia”, disse a autora são-tomense.

Por fim, Miguel Miranda focou a importância do papel dos escritores. “No meu entender, os livros servem para deixarmos registos daquilo que vemos e olhamos”, destacou o autor português. Miranda referiu também que o objetivo dos escritores deve ser fazer os outros pensarem a realidade, adotando um “olhar crítico”.

A encerrar a noite, nota para um espetáculo musical – Quintal Conexão –, organizado pela Conexão Lusófona e com músicas populares de Cabo-Verde.

Francisco Conrado & Ricardo Costa