Valeu a pena…

O presidente da Conferência Internacional “Interfaces da Lusofonia” faz o balanço destes três dias de troca de experiências. Moisés Martins refere que o encontro das comunidades presentes na conferência é o culminar de 15 anos de trabalho a construir uma rede entre os diversos países.

Ana Amélia Fernandes, Marina Costa & Emanuel Boavista

 

Sessão plenária 4 e encerramento (vídeo)

O último dia de trabalho na Conferência Internacional Interfaces da Lusofonia que tratou do tema da Interculturalidade e a sessão de agradecimento aos participantes.

Ana Amélia Fernandes, Marina Costa & Emanuel Boavista

 

Sessão de Encerramento

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A conferência internacional “interfaces da lusofonia” terminou as suas sessões de debate com o balanço de Moisés de Lemos Martins, presidente do congresso e de Rosa Cabecinhas, presidente da comissão organizadora. Moisés de Lemos Martins sublinhou que o fim do congresso não significa o fim do debate em torno da lusofonia.  O presidente agradeceu nominalmente a cada um dos professores da Universidade do Minho que contribuíram para a realização do congresso.

A professora Rosa Cabecinhas dedicou um agradecimento especial a todos os voluntários que contribuíram nos últimos três dias e informou sobre as atividades culturais pós-evento que serão realizados na Velha-a-Branca.

Seguir-se-á ao encerramento um momento de descontração  e turismo na cidade de Guimarães, capital europeia da cultura no ano de 2012.

Ana Daniela Pereira & Francisco Conrado

Sessão Plenária 4 – Interculturalidade e representações da lusofonia nos media

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A última sessão plenária da Conferência Internacional “Interfaces da Lusofonia”, trouxe o seu debate para a interculturalidade das relações Portugal-Brasil e para as formas de tratamento que o conceito de lusofonia recebeu pelos media. A mesa contou com a moderação da professora Rosa Cabecinhas e ainda contou com a presença de última hora do professor e escritor açoriano Onésimo Teotónio de Almeida, da Brown University.

O lusotropicalismo foi o tema escolhido por Cláudia Castelo, do Instituto de Investigação Científica Tropical, para a primeira reflexão plenária de hoje. Para a investigadora, “o lusotropicalismo é o definidor da alma lusófona”, tendo criticado a ação da ditadura que durou mais de 40 anos em Portugal face às antigas colónias, pois “a censura e a propaganda punham em causa a liberdade e o pensamento”.

Realizou-se, ainda, um debate sobre o espaço público comum entre Brasil e Portugal a pretexto da novela Gabriela, exibida no Brasil na década de 70 e que deixou marcas profundas em ambas as sociedades. Através da realização de extensivas entrevistas, com mulheres que assistiram à primeira exibição de Gabriela, a investigadora Isabel Ferin Cunha, da Universidade de Coimbra, mostrou o quanto a cultura brasileira apresentada nas telenovelas influiu nos modos de agir e na própria moda portuguesa.

Joseph Straubaar, da Universidade de Austin, no Texas, apresentou uma comunicação baseada na exportação cultural da Globo. Durante a sua análise defendeu que atualmente a lusofonia tem como elementos identificadores a indústria cultural brasileira, a língua portuguesa e a história compartilhada. Grande eufórico sobre as potencialidades económicas e culturais brasileiras, Joseph Straubaar ainda afirmou que acredita que a tendência geral das produções culturais seja a localização: “As pessoas querem ver as suas próprias estrelas”, afirmou.

O bem-humorado Onésimo Teotónio de Almeida encerrou a sessão plenária com “uma revisão e uma anedota”. Rapidamente abordou os principais tópicos que foram levantados ao longo da conferência. Defendeu a ideia de que o termo lusofonia, depois de tanta contestação, acabou por ser bem aceito entre os estudiosos: “Vejo isso com bons olhos, porque a língua não tem o poder que as pessoas pensam que têm. Há a confusão entre a língua e a cultura, a língua faz parte da cultura”. Depois de afirmar ser ele mesmo uma prova viva de tudo que foi discutido nesta conferência sobre lusofonia encerrou a sua intervenção afirmando que o brasileiro ajudou o português “a desengravatar, isto é, largar um pouco o barroquismo da forma de ser e falar”.

Ana Daniela Pereira & Francisco Conrado

ST26: Globalização, empreendedorismo, migrações e relações laborais

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O empreendedorismo foi o tema central de mais uma sessão temática da Conferência Internacional “Interfaces da Lusofonia”. Para além do papel ativo dos emigrantes portugueses no estrangeiro, debateu-se, também, neste último dia do evento, a influência das redes sociais para as empresas e a dificuldade dos falantes de língua portuguesa nas relações empresariais.

Há insegurança no uso da língua inglesa por parte de muitas empresas brasileiras. Este foi o mote da apresentação de Afonso Figueiredo. O orador, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, realçando a importância da comunicação para as relações empresariais, referiu que a compreensão das diferenças culturais determina a assertividade nas conversações entre as empresas.

A falar sobre o empreendedorismo emigrante português estiveram Maria Ortelinda Gonçalves e Alice Prata. Primeiro, sobre o empreendedorismo português em Nice, Londres, Mónaco e Andorra, falou Maria Ortelinda Gonçalves e, depois, especificamente sobre o papel ativo dos portugueses em Andorra, apresentou Alice Prata o seu projeto. A inovação de produtos e ideias, a concorrência e o emprego que o empreendedorismo cria foram os aspetos realçados pelas oradoras.

A importância das redes sociais para as pequenas e médias empresas foi outro dos assuntos explorados. José Ribeiro referiu que o fenómeno das redes sociais “não pode passar despercebido pelas pequenas e médias empresas”.

A finalizar a sessão matinal esteve João Feijó. A incidir sobre as representações sociais de trabalhadores portugueses por parte de colegas moçambicanos em Maputo, João Feijó, do ISCTE, reparou, no seu projeto, que “as chefias portuguesas foram representadas de forma muito distante em temos hierárquicos”. Ao mesmo tempo, constatou que o português preocupa-se mais com a performance do que com o bem-estar e que a “língua, por si só, não constitui um fator de unidade”.

Raquel Martins

ST25: Lusofonia nas redes

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O ciberespaço e a utilização dos seus meios e potencialidades foram os tópicos levantados pela sessão temática Lusofonia nas Redes, ao arrancar do 3º dia do Congresso Internacional “Interfaces da lusofonia”.

Abriu a sessão um amplo trabalho sobre a utilização do ciberespaço pelos mais diversos jornais integrantes da lusofonia (“Ciberjornalismo na lusofonia: Contributo para um mapeamento”). Na análise, que envolveu investigadores de Portugal, Brasil, Galícia, Cabo-Verde e Moçambique, apresentada por Fernando Zamith da Universidade do Porto, apresentou-se os resultados da aplicação de uma grelha desenvolvida para analisar se havia um aproveitamento da exploração das potencialidades do ciberespaço pelos jornais lusófonos.

A pesquisa observou 36 cibermeios de 9  países distintos e apontou factos curiosos sobre a realidade do jornalismo em rede. As grandes características, geralmente atribuídas ao jornalismo online,  são aquelas menos exploradas pelos jornais. Desta análise, apenas dois jornais conseguiram passar a marca dos 50% de aproveitamento, o jornal Público e o La Voz de Galícia.

A segunda intervenção girou em torno do fenómeno do compartilhamento que as redes sociais proporcionam. Através de uma análise de três perfis em três diferentes plataformas (Twitter, Facebook e Vlog), a mestranda em Comunicação da Universidade do Minho, Naiara Back, procurou compreender o que motivava a ação de promoção do utilizadores em replicarem o seu conteúdo.

Francisco Conrado

ST24: Diversidade Linguística e Políticas da Língua

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Numa das últimas sessões temáticas da conferência internacional “Interfaces da Lusofonia”, a diversidade linguística e as políticas associadas à língua foi levada a debate através dos trabalhos desenvolvidos por Márcia Cavalcante (Universidade Presbiteriana Mackenzie), Xurxo Carballido (Universidade de Santiago de Compostela), Vera Ferreira (Centro Interdisciplinar de Documentação Linguística e Social), Zuleide Duarte (Universidade Estadual da Paraíba) e José Nazaré Queiroga (Universidade Estadual da Paraíba).

A académica vinda da Presbiteriana Mackenzie apresentou uma alternativa para o ensino do português junto dos mais novos através do uso de músicas infanto-juvenis, em especial em Timor Leste, país onde foi colocado em prática o plano de ensino através da música. O escritor timorense Luís Costa acrescentou desde a plateia que “as crianças timorenses já nascem cantando”.

“Há muita informação e para quem não esteja desperto vê aquilo como chinês”, disse Xurxo Carballido, que propôs uma reflexão sobre a forma como são construídos os manuais de português enquanto língua estrangeira.

Já Vera Ferreira trouxe a debate a ameaça de extinção do Minderico, uma língua minoritária nascida em Minde (Portugal), e que surge como “língua de código secreto de uma classe social”, segundo a investigadora.

Zuleide Duarte apresentou a fragmentação da identidade dos autores lusofalantes em consequência do processo de migração e da falta de reterritorialização da língua.

A sessão terminou com a intervenção de José Nazaré Queiroga que abordou, através de uma análise comparativa entre Florbela Espanca e Cecília Meireles, a inserção da mulher no espaço literário lusófono e as implicações que tal integração tem em termos intelectuais e sociais.

Ana Daniela Pereira

P7 – Imagens e representações no terreno da media impressa

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No último painel da Conferência Internacional “Interfaces da Lusofonia”, composto integralmente por investigadores da Universidade Federal de Minas Gerais, discutiram-se as representações sociais que integram os discursos jornalístico e publicitário.

Para André Melo Mendes e Laura Guimarães Corrêa, o discurso publicitário “ajuda a ordenar valores e modelos de comportamento”. Segundo os autores, que apresentaram e explicaram o estudo que realizaram no Brasil, é sobretudo em datas comemorativas, como o Dia da Mãe ou Dia do Pai, que existe maior preocupação com as representações veiculadas pelos media.

No caso do jornalismo, Paulo Bernardo Vaz abordou o atual papel do fotojornalismo, particularmente na representação de narrativas do crime. Para o autor, “o fotojornalismo assume, hoje, uma posição complementar no modo de compreender o mundo”. Segundo Paulo Bernardo Vaz, as imagens já não são “mera representação”.

As potencialidades da tecnologia de hoje em dia fazem com que, na opinião de Paulo Bernardo Vaz, surjam diversos registos fotográficos. “Não me espanta que um qualquer homem ganhe um prémio de fotografia, usando apenas o telemóvel”, disse o investigador.

Por fim, Rodrigo Portari explorou a presença da imagem do futebol em dois jornais: “Super Notícia” (Brasil) e “Jornal de Notícias” (Portugal). Para o autor, o futebol suscita paixões, envolve diversas rivalidades e, particularmente no caso português, é possível perceber a “predominância do arquétipo do guerreiro nas imagens representadas”. Também o erotismo é, segundo Rodrigo Portari, um tema a ser explorado frequentemente.

Ricardo Costa

Retrato dos escritores

Durante a mesa com escritores lusófonos decidimos realizar retratos de cada um dos participantes presentes. Estes retratos servem de recordação e ao mesmo tempo acompanham uma pequena nota biográfica de cada um dos poetas e escritores, para aqueles curiosos de conhecerem mais a fundo cada um dos participantes.

Olinda Beja

Olinda Beja (S. Tomé e Príncipe)

Olinda Beja (S. Tomé e Príncipe, 1946) – escritora e poetisa, nascida em Guadalupe, ao norte da ilha de São Tomé. Cedo deixou a sua ilha para viver nas terras da Beira Alta. Licenciou-se em Línguas e Literatura Modernas pela Universidade do Porto e hoje é professora de Língua e Cultura Portuguesa em Lausanne (Suíça). Dentre sua obra publicada, destacam-se Bô Tendê? (poemas), 15 dias de regresso (romance) e Pé-de-perfume (contos).

Filimone Meigos

Filimone Meigos (Moçambique)

Filimone Meigos (Moçambique, 1960) – poeta e professor de Sociologia da Arte no Instituto Superior de Artes e Culturas (ISArC). Nascido na Beira, estudou num liceu que tinha como professores Lídia Jorge e Zeca Afonso, em suas épocas de exílio. Leitor inveterado, aprendeu o gosto da leitura dentro do seio familiar, como costuma ressaltar. É editor cultural do semanário Savana, membro do AEMO (Associação dos Espoliados de Moçambique). Tem como principais obras Mozambique Meu Corpus Quantum, Kalach in Love e Globatinol, todos de poesia.

Miguel Miranda

Miguel Miranda (Portugal)

Miguel Miranda (Porto, 1956) – escritor e médico de formação. Com uma obra já bastante vasta, integra a Associação Portuguesa de Escritores,  Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto e o Pen Clube Português. Lançou-se na literatura na década de 90 com o livro Contos à Moda do Porto (1996) que lhe garantiu o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco. Com muitos romances com influência do género policial destacam-se O Estranho Caso do Cadáver Sorridente e A Maldição do Louva-a-Deus. Tem textos seus traduzidos para o italiano.

José Manuel Mendes

José Manuel Mendes (Portugal)

José Manuel Mendes (Luanda, 1948) – Escritor e poeta português. Intelectual de renome com mais de 30 obras publicadas. Autor desde muito jovem, com a publicação de Salgema, aos 15 anos. Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, foi professor do ensino secundário e eleito deputado à Assembleia da República, cargo que exerceu durante 11 anos. Atual presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE), é, também, professor no curso de Ciências da Comunicação na Universidade do Minho. Entre os seus principais trabalhos encontram-se Presságios do Sul e Setembro Outra Vez (poesia), Ombro, Arma! e Despir da Névoa (Romance).

Luís Costa

Luís Costa (Timor-Leste)

Luís Costa (Timor-Leste, 1945) – linguista timorense e grande cultor da história, cultura e da língua Tétum. Irmão do ilustre poeta timorense Borja da Costa, estudou no Seminário de Leiria, onde ordenou-se sacerdote em 1973. Regressou a Timor para cooperar na missão de Ossú. Durante a invasão de Timor pela Indonésia, esteve de 1976 a 79 nas montanhas com a população. Luís Costa traduziu para o português os poemas do irmão (Borja da Costa – Selecção de Poemas / Klibur Dadolin), além de ser o criador do Dicionário de Tétum-Português.

Francisco Conrado